Existem diversas formas de se lidar com uma situação conflituosa. É muito importante ter isso em mente, pois muitas vezes, quando passamos pelo estresse de um conflito, nossa percepção se fecha e só conseguimos visualizar poucos caminhos à nossa frente. É como se uma forte neblina escondesse as placas de sinalização e só conseguíssemos ver a estrada que se mostra mais acessível e vantajosa no momento. Nessas horas é sempre bom nos questionarmos:
Essa parece ser a melhor alternativa agora, mas e depois? Daqui a alguns meses ou anos, continuará sendo a escolha mais adequada?
Os conflitos familiares freqüentemente estão carregados de sentimentos de raiva, frustração, de luta pelo poder, de busca de vingança, enfim, de demandas emocionais que são capazes de transformar uma situação que poderia ser resolvida através de um diálogo em uma verdadeira batalha judicial.
Somos seres humanos, sujeitos a falhas. Nossa percepção da realidade, por mais verídica que pareça, é apenas a NOSSA percepção, permeada pelas nossas emoções, racionalizações, enfim, pelas nossas histórias de vida. O mesmo ocorre com a outra pessoa que está em conflito conosco, que também possui suas percepções e limitações.
Como lembra Humberto Maturana (2001, p. 160):
Considero que o maior perigo espiritual que uma pessoa enfrenta em sua vida é o de acreditar que ele ou ela é a dona de uma verdade, ou a legítima defensora de algum princípio, ou a possuidora de algum conhecimento transcendental, ou a dona, por direito, de alguma entidade, ou a merecedora de alguma distinção, e assim por diante, porque ele ou ela imediatamente torna-se cega para a sua condição, e entra no beco sem saída do fanatismo.
Também considero que o segundo maior perigo espiritual que uma pessoa enfrenta em sua vida é o de acreditar, de uma forma ou de outra, que ele ou ela não é totalmente responsável por seus atos, ou por desejar ou não as suas conseqüências.
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Referência:
MATURANA, Humberto. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
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