Chaos often breeds life, when order breeds habit.
Essa frase, de autoria do novelista e historiador americano Henry Adams (1858-1918), contém a idéia de que a vida é freqüentemente criada pelo caos, enquanto que a ordem cria o hábito - ou seja, as mudanças não surgem da “mesmice”. O caos, por mais desordenado e aleatório que pareça, na verdade possui uma ordem intrínseca e, por sua vez, produz uma nova ordem.
Segundo a nova ciência da complexidade, em muitos sistemas não-lineares (os sistemas vivos, por exemplo), pequenas mudanças em certos parâmetros podem produzir mudanças dramáticas nas suas características básicas. Esses sistemas são, portanto, essencialmente instáveis, e os pontos críticos de instabilidade são denominados “pontos de bifurcação”, nos quais o sistema pode ser empurrado em direção ao uma nova ordem (através da auto-organização) ou à desintegração. A nova percepção da ordem e desordem representa uma inversão das concepções científicas tradicionais, para as quais a primeira está associada com o equilíbrio, e a segunda com situações de não-equilíbrio (Capra, 2002).
Assim, utilizando-se da metáfora da teoria do caos, pode-se dizer que as “desordens” sofridas pelo sistema familiar provocam bifurcações rumo a novas ordens mais complexas, formando uma rica diversidade de relações, algumas aparentemente caóticas, mas que, na realidade, possuem suas ordens intrínsecas.Essa complexidade oferece uma falsa impressão de que as famílias podem estar desestruturadas ou até mesmo no seu limite de resistência quando, de fato, demonstram uma ampla capacidade de mudança e de “adaptação” ativa às novas tendências socioeconômicas e culturais.
As relações familiares, como todas as relações sociais, estão sujeitas a conflitos. O conflito, em si, não é patológico ou destrutivo, depende da forma como é tratado, de sua intensidade, do contexto. Como define Moscovici (1998, p. 146):
De um ponto de vista amplo, o conflito tem muitas funções positivas. Ele previne a estagnação decorrente do equilíbrio constante da concordância, estimula o interesse e a curiosidade pelo desafio da oposição, descobre os problemas e demanda sua resolução. Funciona, verdadeiramente, como a raiz de mudanças pessoais, grupais e sociais.
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Referências
CAPRA, Fritjof. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos seres vivos. 7. ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
MOSCOVICI, Felá. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.
* Paisagem fotografada por Lisiane L. K.
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